quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Prisão


Prisão

Os injustos no “hades” (seol) estão em “prisão” (1 Pe 3:19). É uma condição de tormento (Lc 16:23). A “prisão” é um “tanque de contenção”, por assim dizer, dos ímpios fora do corpo. Embora sua condição em “prisão” seja temporária, seu estado de tormento é eterno. É uma condição fixa. Uma vez que uma pessoa deixa este mundo em seus pecados, ela está em uma eternidade perdida, e assim, nenhuma quantidade de oração poderá beneficiar essa pessoa! Jó disse: “Porque eu sei que me levarás à morte e à casa do ajuntamento determinada a todos os viventes. Porém não estenderá [Em verdade nenhuma oração ajudará quando estender – JND] a mão para o túmulo, ainda que eles clamem na sua destruição.” (Jó 30:23-24 – ACF). O próprio Senhor disse que só tinha poder para perdoar pecados na Terra (Mt 9:6). Uma vez que uma pessoa dá seu último suspiro e passa para uma eternidade perdida, o poderoso poder do perdão de Cristo não pode alcançá-la lá. Que solene!
Isaías 24:21-22 diz: “Naquele dia Jeová castigará o exército dos altos nas alturas, e os reis da Terra sobre a Terra. Serão ajuntados, como presos são ajuntados na cova, serão encarcerados na prisão, e depois de muitos dias serão visitados.” O “exército dos altos nas alturas” é Satanás e seus anjos caídos. Logo após a Aparição de Cristo, eles serão levados e lançados na “cova”. Veja também Apocalipse 20:1-3. Os “reis sobre a Terra” são os exércitos das nações que serão reunidas na terra de Israel. Eles serão julgados naquele momento. Eles serão mortos e a alma e espírito deles colocados em “prisão”. Eles serão mantidos lá por “muitos dias” (durante o Milênio) e depois “visitados” por uma execução posterior de julgamento e depois designados para o lago de fogo.
Como Atos 2:27 diz que a alma do Senhor entrou no hades depois que Ele morreu (mas antes de ressuscitar), alguns imaginaram que Ele desceu à “prisão” e pregou o evangelho aos espíritos de homens sem corpo, dando-lhes uma segunda chance de sair de lá. O versículo usado para apoiar essa ideia é 1 Pedro 3:18-20. Diz: “Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o Justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito; no Qual também foi e pregou aos espíritos [que estão] em prisão; os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água.”
Este, no entanto, é um uso distorcido das Escrituras. Supõe-se erroneamente que hades é exclusivamente uma condição de sofrimento. E, nessa falsa premissa, as pessoas concluem equivocadamente que depois que o Senhor morreu, Ele entrou naquele estado em que estão os espíritos fora do corpo dos homens maus e pregou a eles. Não é isso que a passagem de 1 Pedro 3 está ensinando. Pedro está falando da ressurreição do Senhor, não de Seu espírito no estado fora do corpo. Ele está se referindo à obra do Espírito Santo, dizendo: “No Qual (o Espírito) também (o Senhor Jesus) foi e pregou aos espíritos [que estão – JND] em prisão”. O ponto da passagem é que o mesmo Espírito que ressuscitou o Senhor Jesus Cristo dentre os mortos também estava ativo nos dias de Noé, quando ele pregou naquele mundo antediluviano. Falar aos homens na Terra pelo Espírito Santo foi a maneira pela qual o Senhor trabalhou nos tempos do Velho Testamento. Ele alertou: “Não contenderá o Meu Espírito para sempre com o homem” (Gn 6:3; Sl 139:7). Pedro, no primeiro capítulo de sua epístola, afirma isso, dizendo-nos que “o Espírito de Cristo” foi o poder de ação no testemunho ao longo dos tempos do Velho Testamento.
Os “espíritos” daqueles homens que Noé há muito tempo pregou, estão agora em “prisão” porque recusaram a mensagem que Deus lhes deu quando estavam vivos na Terra (1 Pe 4:6). Para não cometer erro a respeito de quando Cristo pregou pelo Espírito àquelas pessoas, Pedro acrescenta: “os quais noutro tempo (anteriormente) foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé.” Isso prova que foi nos dias de Noé, não quando Cristo estava fora do corpo no intervalo entre Sua morte e ressurreição. Não há uma palavra na passagem que indique que o Senhor, em Seu estado fora do corpo, foi e pregou na “prisão”. Nem diz que essas pessoas eram espíritos fora do corpo quando lhes foi pregado; a pregação aconteceu quando eles estavam vivos na Terra (em corpo) nos dias de Noé.
Essa interpretação é irracional e levanta mais perguntas do que respostas. É absurdo pensar que, quando o Senhor morreu, que de todas as pessoas em “prisão”, no hades, Ele destacaria aquela geração de pessoas – relativamente poucas – e lhes ofereceria uma segunda chance. E as pessoas que viveram durante outros períodos do Velho Testamento? Por que o Senhor não lhes deu uma segunda chance também? E os que morreram e foram para a “prisão” depois que o Senhor ressuscitou dos mortos – durante esse período atual da Igreja? Por que Ele não lhes deu uma segunda chance também? E como eles teriam essa chance se morressem depois que Ele ressuscitou dos mortos? O Senhor teria que morrer novamente para descer à “prisão” no hades para pregar a eles. Isso é um absurdo. Se a doutrina de uma segunda chance após a morte fosse verdadeira, por que o apóstolo Paulo diria: “eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação”? (2 Co 6:2) Por que toda a necessidade de urgência no evangelho?
A escritura é clara: quando uma pessoa morre e passa para esse estado de tormento por causa de seus pecados não terem sido expiados, seu estado nessa condição está “firmado”. Eles sairão da prisão quando ressuscitarem, mas não sairão desse estado de tormento. Isso é enfatizado no relato do homem rico e de Lázaro. “Demais, entre nós e vós está firmado um grande abismo, de modo que os que querem passar daqui para vós não podem, nem os de lá passar para nós” (Lc 16:26 – TB).

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